segunda-feira, outubro 30, 2006

O elogio da eficácia

A cena passa-se na Biblioteca Nacional. O jovem incógnito dirige-se, calmamente, ao balcão de apoio ao leitor. Com bons modos e trejeitos educados pede, em voz baixa mas firme, a atenção do bibliotecário:

Jovem Incógnito: Olhe, por favor! Eu reparei na vossa base de dados que existia um livro novo mas ainda sem cota. Pode-me dizer quando vai ficar disponível?
Bibliotecário: Xiiiiiiii! Só daqui a uns dois meses...melhor, só lá para 2007, em Março ou Abril.

Fim de Cena: O Jovem, apanhado incauto, faz um esforço enorme para não deixar transparecer a enorme desilusão que o percorre. Esperar 6 meses para ler um livro já comprado tem o seu quê de ridículo.

terça-feira, outubro 24, 2006

Entre o céu e o inferno...

Durante esta semana tenho tido a oportunidade de ir ver alguns filmes ao Doc Lisboa. Apesar de não ser um grande fã do cinema documental, gosto do género. Isto pode parecer contraditório mas eu explico. A verdade é que quando vejo um documentário não consigo destrinçar entre o meu fascínio pelo tema tratado e o formato em que é apresentado. Ou seja, aquela análise que se faz ao guião de um filme deixa de fazer sentido porque ali nada é ficção, desaparece a figura técnica e constrói-se uma figura humana (caso se trate de pessoas). Por isto, deixo de conseguir identificar o realizador, aproximando-me de tal forma da história que sou levado pelo impacto que tem as imagens a passar no ecran. Não sei mas imagino que a grande discussão no cinema documental seja a mesma porque passaram alguns ciências experimentalistas faz algum tempo, a influência do investigador no resultado da experiência. Até que ponto os argumentos são mais construídos para um género mediático e menos para a partilha de experiências genuínas. Confio que os meus amigos antropólogos tenham algo a dizer sobre isto.

De qualquer maneira, o Doc Lisboa é mais qualquer coisa. Para além de um festival, é um ponto de encontro de várias elites e dos seus interesses. Infelizmente, estes interesses são, este ano, extremamente "clean". É triste ver que, depois de um sucesso como "Lisboetas", a intervenção que no meu ponto de vista este tipo de cinema tem que fazer esteja completamente ausente. A prova está na recusa do filme do meu amigo O. Espero, no entanto, a sua projecção brevemente em qualquer outro lugar.

Na segunda feira, "Cartas a uma Ditadura" de Inês de Medeiros proporcionou-me uma experiência inesperada. Sendo o filme sobre as cartas do Movimento Nacional de Mulheres enviadas a Salazar (e vice-versa), fazia uma análise ao Estado Novo sob uma perspectiva pouco abordada: o papel das mulheres no célebre Deus, Pátria e Família.
Por infortúnio do destino, dei por mim na cadeira exactamente em frente ao Dr.Paulo Portas. Por desígnio misterioso, vi-me na cadeira exactamente atrás da actriz Margarida Vilanova. Nesta dicotomia, céu e inferno, para além de não me conseguir concentrar no filme, perdi-me com a atenção dividida entre os esgares do Dr. e os suspiros da menina. Posso, no entanto, com firmeza afirmar que também o Paulinho se ria quando as senhoras faziam pouco do Estado Novo.
O segundo filme, aquele que acabo de ver, chama-se Brava Dança e é a história dos Hérois do Mar. Confesso que sou um admirador da música mas acima de tudo das suas influências. Por ser muito pequeno, escapei a toda aquela polémica da imagem fascista que lhes foi colada. Lembro-me perfeitamente de com 10 anos cantarolar "O inventor", sem nenhuma ideia do que estava a dizer, mas de sentir aquela música extremamente próxima. Foi, de facto, comovente ver retratada uma das bandas que me ensinaram a gostar de música e do poder que ela tem.

Gostava de falar mais dos hérois, principalmente da afinidade que têm com uma outra banda de que gosto muito: A Certain Ratio. Mas para já, para já, vou dormir.

segunda-feira, outubro 23, 2006

Notícia do Dia

Artigo 47.º-2 do código deontológico da Ordem dos Médicos:

Constituem falta deontológica grave quer a prática do aborto quer a prática da eutanásia”.

sexta-feira, outubro 13, 2006

Memórias do exílio

Uma semana de vida diferente. Dias que funcionam ao contrário, começam cedo e acabam tarde. Já tenho saudades...




domingo, outubro 08, 2006

Em busca da Glória...

"No concelho de Salvaterra de Magos, por aquela estrada cabisbaixa, que une Marinhais a Coruche, está a Glória. Não conheço em todo Ribatejo percorrido, aldeia que irradie mais simpatia por atributo próprio".

Alves Redol em Glória, Uma Aldeia do Ribatejo

domingo, outubro 01, 2006