quarta-feira, fevereiro 15, 2006

FYI

A forte gripe (ainda não aviária) que me apanhou toda a semana passada deixou este blog ao abandono. Continuo a manter a média de uma constipação viral por ano embora sejam cada vez mais fortes. Cinco dias absolutamente indefeso, três deles de cama, é o suficiente para deitar abaixo qualquer um.

a)Ainda em convalescença, dei conta que faz hoje 10 dias que não fumo. Uma pequena vitória que me deixa bastante feliz. O incrível nem é ter deixado de fumar, é sentir-me mesmo muito bem. Não me levem a mal, nunca fui grande partidário da vida saudável mas há uma sensação de leveza que há muito não sentia. vamos ver como corre o período crítico das próximas semanas...

b)Enquanto debelava os 40 graus de febre, ouvi falar, ao longe, de uma qualquer estória de cartoons. Ao princípio não me pareceu nada de especial. Apenas mais tarde vim a compreender a extensão de toda a trama.
Esta segunda feira, num jantar entre amigos, o tema, inevitavelmente, surgiu. Pensava eu, ao discutir com pessoas que deviam ter alguma sensibilidade acrescida pelos anos passados na faculdade, que as nossas posições não deviam divergir muito. Nada mais falso. Para mim, que não considero o problema nem nos trâmites da liberdade de expressão nem no desrespeito de símbolos culturais mas na instrumentalização consciente de franjas interessadas em destabilizar e provocar medo, considerava afastada qualquer hipótese de "guerra de civilizações". No calor da discussão tive de enfrentar argumentos tais como: "vê o que eles fazem às mulheres"; "a liberdade de expressão é sagrada"; e a piece du resistance "a nossa cultura é superior à deles". Foi neste momento que percebi que o caminho que trilhamos é feito de gelo muito fino. A intoxicação iniciada desde do 11 de Setembro alcançou o seu estádio final. Não se trata mais de luta de anti-terrorista mas anti-muçulmana. É lugar comum dizer isto e até politicamente correcto em alguns meios. Não é esse, porém, o sentido desta afirmação. Não é por serem o que são mas por serem contra nós. A imagem do inimigo está criada e bem consolidada tanto de um lado como do outro. E o medo leva as pessoas a fazer as coisas mais incríveis...

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